segunda-feira, 2 de novembro de 2009
POEMA DO DESCONTENTAMENTO
Cansei de viver metade
metade do tempo
metade do amor
de dizer meias verdades
e não ser íntegro comigo mesmo
não ser inteiro, conciso.
Cansei de buscar sentido
em bebidas, pernas compridas
em distâncias: chegadas e partidas
em sair desesperadamente
pra outro lugar sem saber por que
sem nunca encontrar.
Cansei de viver aos bocados
obter parcelado do nada
viver como pedinte
coadjuvante de mim mesmo
considerado estúpido
menos, pouco, irrelevante
engolir o cuspe seco
o sangue, o choro, o dia.
Violentar o próprio corpo
com sorriso nos dentes
desperdiçando o melhor de mim.
Cansei de ser assim.
Fabiano Silva PA
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