terça-feira, 27 de janeiro de 2009

HaiKus Tropicais


Sol pela Janela

gato observa
o desdobrar da alma:
tarde amena!




Domingo no parque

parque e brisa:
a capivara atenta
ao meu foie de canard



Para o João Cabral

surrada algibeira:

dialética da pedra,

desfeita em pó.

Cadeia Alimentar

a águia mirava:
galinha distraída
ciscava o poente.


.................


pingo do céu

respinga, só, na fronte:

a chuva virá.


...............................


um amor findo:

o mar incandeia

o crisântemo.



segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Sexo Selvagem

A rede já não balança.
Sexo selvagem de fato:
O índio dormiu no ato.

A índia, que estava animada
Ficou há ver navios no longe

Esperava marujos louros.


E enquanto não chegavam

Aqueles tais de holandeses

Dava-se mesmo aos portugueses.

Mas só pensava nos mouros.
Olhando ao longe o navio

Sentiu-se bem excitada.


Avistou um mastro enorme.
Nadou pelo mar, a galope.

Fogoso era o tempo, que urge.


E se fartou com o marujo.
Agora, vive na praia acenando
Para todo barquinho que surge.

Ricardo Sant'anna Reis & Grazzi

Gazal de aprendiz


Quisera ser como queres
Um ser perfeito e feliz.
Iria tão pleno de haveres
Movido por força motriz.

Cinético em tais projetos
A me perder por um triz.
Fincando raízes por nada.
Jamais esculápio, eterno petiz.

Mas hoje sei, poeta sou convicto.
E bem mais do que se prediz:
O ente perdido no mundo
Seguindo, por tudo infeliz.

Dir-te-ei neste gazal quebrado
Ou a espectral sombra me diz
Corrigindo este meu vaticínio
Pois tu és minha musa e sorris.

Faz-me ledo alumbrar o lirismo
Neste oficio de aprendiz.
Pode-se tudo ou se então nada posso
Valeu ter tentado as coisas que fiz.

Baldadas as mil e uma verdades
Ao íntimo, algo na poesia me diz:
Que só tem apego à plena vida
Quem continuum reinventa o mundo
Quem vagando da terra ao limbo
Vá muito alem de Cádiz.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Tempo, tempo...


É admirável descobrir
que o tempo inapreensível
incontornável
não para nunca
o seu deambular.

A par de ser eterno
é só o momento fugaz
somado aos que já foram tidos;
lembranças, sentimentos de paz
risos, lugares de sonho
as pessoas e seus infernos
os filhos, doces e ácidos paraísos.

As atividades criativas
vão somadas às enfadonhas
mas que nos garantem a vida
os amores, as (des)ilusões
e as jóias das rainha
nada mais serão
do que quadras já vencidas.

Os valores eternos do ser
as crenças que se perdem
enquanto dormimos
as vestimos de novo
roupa rota, ao amanhecer.

Se tentamos iludir
a morte, o corpo
retrato do tempo
não deixa nos pêlos que se vão
ou nos que ficam tão gris;
nas rugas que nos chegam
contra a cosmética ciência
nos achaques crônicos.

No corpo, o tempo
se revela
e se traveste
em decadência.

Os gritos são vários, de múltiplas

vozes aturdidas


e reverberam no oco das cabeças ocas

nas caixas ocas de ressonância da paixão dos baixios


Os gritos por socorro, honestas

disposições para simular o amor
o riso e a dor


Os ímpetos estéticos, anárquicos parlapatões

desvarios de variados cios...


Desde que se comunicam, nos primórdios

os homens se saciam de solidão e de privilégios

de restos, abscessos, de espúrios compadrios

de cátedras, cânones, significados e significantes.


E perdem-se nos guetos da língua ignota

os vazios e vaidosos poetas do momentos

sem buril ou sentimento

sem dor ou armadura

neste limbo que perdura.

Amor e Necrofilia


Encontrar consolo

em teus despojos envolventes

solto desatino



Ao longe um sonido invulgar

um solo augusto de violino



Profanar por amor

e mesmo assim, mofino



me projetando ao ar

tão leve espaço porto



recriando em meu corpo

o gesto do bailarino



inda que de pura ilusão

- o corpo morto



Navegações de Jardim


O peripatético poeta

caminha pelo jardim interno

do hospital

deambulando e absorto

no espaço circunscrito.


Folhas verdes irradiantes

ledas lepidópteras

vitrais e raios de sol;

enfrenta o adverso inferno.


Está inteiro, em tais eventos plenos de significado

quando de uma capela próxima, chegam-lhe aos ouvidos

os hinos de um oficio a Deus.


Pecado, penitencia, martírio, num tropel contra os versos seus.

Mas, refuta a melancolia no poema que vai riscando no papel.

Não se submete. Quer a vida. E a vida persiste, tão logo

finda a missa. Cerradas, do templo, as janelas, retorna de pronto a viva luz

a luz do mar da procela!


O peito se abre ao oxigênio! Ao timão, meu amigo capitão!

Navegue! Muito há por ver: uma gota de orvalho;

uma folha que esvoaça, a relva verde crescendo

e ali...um pássaro atento, de piedade ausente

levando ágil o inseto destroçado no bico, ao rebento

como o faria qualquer mãe humana de coração compassivo.

Seda Pura



Eu quero você
quero porque te quero
seja chique, em poesia
seja brega, num bolero

Eu quero você
quero porque te quero
Os entraves desta vida
o mato crescido na trilha
eu corto tudo no cutelo

Dos acertos
o maior foi amar-te
Dentre os meus erros
quase nada a comparar-se
ao pecado de sentir
no arrepio do toque
a seda pura de teu corpo
e teus mamilos à eriçar-se

Perdido entre os teus pelos
finda-se para mim o medo
e vivo o maior dos anseios
inebrio de puro Eros

Eu quero você

e quero

porque te quero

À moda de BANDEIRA (poema quase inédito de um grande poeta)


p/ Bob Siqueira



a rua

o casario

a ladeira

o espelho dágua

a baia de Guanabara

JORGE SALOMÃO

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Fortuna crítica:

"A arte surpreende sempre. Ezra Pound diz que: “A poesia difere da prosa pelas cores concretas de sua dicção”. Diário da Imperfeita Natureza, do poeta Ricardo Sant'anna Reis, já no título você é tomado por um impacto de beleza estilística. Seguindo e passeando pelo corpo do livro, vamos encontrar pontos de luzes que nos questionam e nos adicionam. “De repente, tudo se dá aos tropeços, sem ciência. O fim das coisas, igual ao começo”. Um poeta de múltiplas vozes, tons e sons. “...devorar, num ritual antropofágico, minhas referencias...”. Seguindo página a página, o livro vai indo e te tomando, num misto de elaboração, sabedoria e domínio da escrita. O poeta dança solto e dá show de construção no ofício do fazer. Fique atento e siga a trilha: Ricardo Sant'anna Reis chegou para afirmar que poesia é coisa fina. E é: Demanda ao Mestre Pessoa, Uma Clara Tessitura, Gazal de Aprendiz, O Corsário, Poema para Walt Whitman, etc. O poeta, seus amores, suas interrogações e seus caminhos. Colhendo no ar a viva tradição, Diário da Imperfeita Natureza trás em seu bojo a marca de civilizações várias. É a afirmação de nova e contundente voz na poesia deste Brasil de dimensões continentais.
Luz, luz, luz!"

Rio, agosto de 2007 Jorge Salomão

"Meu caro Ricardo,

Já li por duas vezes, como faço com poemas que me interessam, o seu livro Diário da Imperfeita Natureza. Trata-se de um livro de poemas que apontam para várias tradições da literatura, mantendo a coerência de uma linha cordilheira autoral, onde a clara emoção romântica não suplanta a busca por apuro formal. Seus poemas marcam-se pela diversidade de natureza temática ou de linguagem, de forma muito singular, trazendo referencias que revelam profundidade, através de uma intertextualidade bem colocada. E poesia é mesmo vasta e indefinível no seu absoluto. A síntese poética, por mim eleita, depois de inúmeras imagens e alusões, tem a linha central que a estrutura no verso "Escrever um poema, ademais / é não morrer nunca mais”. Aí está a aura, o sentido de eterno que não nos abandona desde os melhores poetas da antiguidade.

Receba o abraço do amigo Gilberto Mendonça Teles, Rio, Janeiro/2009







quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

ENSAIO - A Poesia Hoje.


O atual momento da poesia no país se caracteriza por não trazer uma marca, um estilo literário próprio que defina o período. Talvez a grande marca seja mesmo a indefinição, o compasso de espera para uma nova fase, e isto é visto pela maioria dos criticos como etapa necessaria de maturação. Porem, de certa forma, esta visão parece-me que desfavorece o seu desenvolvimento, pois a não colocação do problema (ou colocação como problema) não fixa objetivos em torno dos quais se possa evoluir a reflexão critica necessária a quaisquer processos culturais. Existem hoje dezenas de pequenos grupos de poetas anônimos (conhecidos entre seus pares) que lutam de forma quase clandestina para mostrar a sua produção, contra o desinteresse das editoras. Estes grupos festejam a redescoberta do fazer poético como meio de sensibilização. Varias experiências de qualidade estão sendo geradas (no Rio de Janeiro existem mais de 60 destes grupos), em um retorno aos saraus e hapenings que foram característicos dos anos 70. Porem, por mais alvissareiro que seja, não parecem ainda ter encontrado um caminho valido para a afirmação do um novo patamar para a poesia, e temo que estejam (generalizando) prisioneiros de uma excessiva exitação, da plasticidade da experiência, centrados em encontros voltados para uma oralidade performática teatral, que incorpora poesia mas também desloca o foco do trabalho que parece necessário, entendendo a literatura (a poesia) como a mais alta das artes, pelo papel que desempenha na formação e renovação da línguagem. Está faltando o trabalho da dor, que impulsiona a criação, da qual nos falava Clarice Lispector. Alem dos mais, envolvendo experiencias realmente interessantes, temos uma maioria de frequentadores nestes encontros, que mais almejam realizar um contato social, o etretenimento, do que de fato se movam por interesse e ambições literárias. Ainda estamos longe de separar joio e trigo, no momento atual. Os grandes poetas nacionais, com efetivo espaço institucional, de certa forma tem sido os mesmos que ocuparam a cena nas décadas anteriores e que se mantem, com as devidas referencias ao tempo presente, fiéis aos seus estilos originais, divididos entre uma poesia contida ou derramada. Temos no primeiro plano, onde precedencia é posto, Ferreira Gullar, Gilberto Mendonça Telles, Antonio Olinto, Carlos Nejar, Manoel de Barros, Adélia Prado, Thiago de Mello, Afonso Romano, etc. Entre estes, há algum ensaismo e atividade critica reflexiva, alem do que os seus próprios poemas refletem um impressionante vivacidade e atenção com a contemporâniedade. Há tambem todo um time de poetas nascidos da experiência da poesia marginal dos anos 70, que marcaram a poesia contemporânea, herdeiros do Concretismo dos irmãos Campos e do Tropicalismo de Torquato Neto, da poesia de Paulo Leminski, como Cacaso, como os irmãos Wally e Jorge Salomão, Antonio Cícero, Secchin, Carlito Azevedo, Fabrício Carpinejar, Geraldo Carneiro, Chacal, etc. Foram vanguardistas e hoje fazem uma poesia exemplarmente moderna, que pontua-se como uma crônica do cotidiano da transição. A não renovação no panteão da lírica literária, denota uma das dimensões da crise de perspectivas por que passa a cultura nacional (e global) numa era de transição de valores políticos e culturais. A poesia, como elemento de compreensão e formação do espírito, perdeu substância e atuação. Embora mantenha o interesse de certo público intelectualizado, a poesia deixou à muito de representar a referencia que já foi no país quando nomes como Bilac, Augusto dos Anjos, casimiro de Abreu, Cruz e Souza, Drummond, Vinicius, Quintana, João Cabral, Bandeira, eram difundidos pelo sistema de ensino, e tinham quase a mesma visibilidade na mídia da época, que hoje é dada a uma “instant celebrity” da cultura de massas. A poesia quase desapareceu do horizonte da cultura nacional popular, acompanhando a decadência acentuada do ensino e a emergência dos novos meios de difusão cultural, como a televisão e a Internet hoje, responsáveis em parte pela cultura do descartável. Vive-se um momento singular e paradoxal de renovação. Há a necessidade de se revisitar valores e ideologias, repensar praticas, refletir sobre a identidade nacional, o desenvolvimento social e o lugar do país no mundo, o que abre para o pensamento e a arte em geral uma nova perspectiva. E nisto, creio que a poesia terá papel especial, em um momento em que outras abordagens, como a política partidária erstá tomada pela corupção e a religião cada vez mais obscurantista. Já não trazem em seu bojo a semente do futuro. Ai está a poesia chamada de novo a cumprir um papel revolucionário, embora poucos sejam os poetas que busquem pensa-la desta maneira. É evidente que não se fala a favor de uma poesia panfletária, de baixa qualidade, populista, denotativa, mas, ao contrario, em se investir em uma poesia de qualidade que avance em reflexão temática e lingüística, que impacte a necessária recuperação das estruturas educacionais, que assuma um lugar de vanguarda na unificação linguistiica da lusofonia, etc. A poesia deve entrar como disciplina especial, nos currículos escolares. É preciso fazer deste país uma nação de poetas. Que os poetas abandonem a postura diletante, superem a vaidade que emperra e embota a criatividade e metam a mão na massa. A poesia foi a primeira forma de apreensão e sistematização do conhecimento no processo cizilizatório ocidental, foi a primeira arma de critica social, como nas Satiras de Homeros, foi tambem a partir da reflexão poética que a humanidade pôde desenvolver as primeiras abordagens de novas disciplinas, como a Retórica e Filosofia, esta ultima a mãe de todo o pensamento científico (quem leu a Poética de Aristóteles, viu o esforço de ordenação de um pensamento racional a partir dos achados da Poiesis). Embora os filósofos tenham expulsado os poetas para a Arcádia, por medo de sua função necessariamente subversiva, a poesia permaneceu como um instrumento iniludível para a educação dos espíritos, atravessando todas as eras da sociedade humana, e por vezes assumindo papel de vanguarda na evolução social, haja vista a importância de poetas de renome para a formação social de suas nacionalidades, com Lorde Byron, Garcia Lorca, Neruda, Baudelaire, Mallarmé, Rimbaud, Maiakoviski, Shakespeare, Camões, Fernando Pessoa, Lorca, Ezra Pound, Whittman e Neruda, e em nosso caso, Castro Alves, Drummond, Casimiro de Abreu, Olavo Bilac, etc. O que nos resta a dizer e a fazer? Muito. Todos os que somos verdadeiramente devotados à lida do fazer poético, temos o dever de repensar o nosso papel, o papel da poesia na contemporaneidade, trabalhando temas como o reencontro com o processo cizilizatório, com a educação e a construção do homem brasileiro do 3o milênio, com a promoção da sensibilidade e da mesura nas cidades, o fim da violência endemica e da intolerancia, o nao aperfeiçoamento das relações humanas, a injustiça social e o desenvolvimento, a superação das estruturas arcaicas remanescentes do escravismo, mas sem a constituição de outros privilégios, a democracia como valor universal, a reintrojeção da ética na política, a integração mundial da experiência poética, o favorecimento da formação de um público leitor, a recuperação do senso de coletividade e da solidariedade social, a defesa do meio-ambiente, a busca da valorizalção do individuo, da vida simples frente ao consumismo e a cultura de massas, etc. São inúmeros os temas que a poesia pode e deve enfrentar através da escrita, de seminários, eventos de rua, ensaios, etc. Este é o caldo de cultura para a emergência de um movimento poético que poderíamos integrar na categoria de um Neo-Romantismo para o século XXI, e que tenha como mote a expressão vivificada dos sonhos de felicidade submersos em poeira desde as frustrações humanas com as primeiras revoluções industriais, com as primeiras guerras de exterminio em massa. É preciso elevar a condição do homem moderno, celebrando a natureza humana e a vida em geral, de forma visionária e panteísta, sem fundamentalismos e barbarie. Do ponto de vista da forma literária, deve-se introduzir e favorecer a subjetividade na concepção poética, buscando nos versos livres a forma didática da expressão de um lirismo moderno, cujo parâmetro podem ser Watt Whittman ou Fernando Pessoa. Porem, não há cânone a ser respeitado. Deve buscar, revisitar palavras antigas, recriar sob todos os outros estilos poéticos, como o barroco, o arcadismo, o parnasianismo, o simbolismo, o naturalismo, o modernismo, o concretismo, com a liberdade de um tempo que tem necessariamente que ser uma síntese para (e da) experiência humana e brasileira, até aqui. Temos que enfrentar a era da imbecilidade tecnológica, que o unico esforço que nos exige é saber se meu celular é mais completo que o teu. O Neo-Romantismo deve favorecer a afirmação de uma Ética capaz de buscar reconferir dignidade critica a vida humana em sociedade, promover a criatividade e o conhecimento, promover o caráter revolucionário do amor entre os homens e do amor à natureza, o ideal democrático, ou seja: - Pode e deve a poesia ter relação direta com a vida real, tendo o individuo como medida das coisas, mas um individuo seja reflexo de suas multiplas determinações, e que busque a integração positiva, rejeitando a submissão a uma condição indigna. O nosso poeta Castro Alves e seu Navio Negreiro permanecem vivos como inspiração. O poeta, como artista, por possuir uma sensibilidade aguçada e deter os instrumentos formais da escrita, nem que seja para os abandonar a seguir, sofre de forma ampla as auguras de seu povo e das indagações intimas e existenciais e pode refletir possíveis caminhos de forma exemplar, sem dogmatismos, favorecendo a evolução da sensibilidade de todos. Com isto, a poesia se qualifica e assume a clara missão de sua santa utopia: A de nos tornar seres humanos cada vez melhores!

Ricardo Sant´anna Reis, Dezembro de 2008

Evoé!

Saiba que a sua visita e o seu comentario dão sentido a este espaço, que alem de divulgar poemas, quer conversar sobre a vida. Esteja em sua casa.

Ricardo Sant'Anna Reis 21.9170-9004

Ricardo Sant'Anna Reis  21.9170-9004
"rondava a rosa à poesia pelos jardins das flores tanto mais diversa a rosa quanto mais forem os amores". Sociólogo, poeta e editor, publiquei em antologias e recebi alguns premios literários. Tenho dois livros: "Diario da Imperfeita Natureza" e "Derradeiro Prelúdio" (no prelo). Pretendo aqui interagir com voce sobre poesia ou qualquer outro assunto relevante.

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