a rua
o casario
a ladeira
o espelho dágua
a baia de Guanabara
JORGE SALOMÃO
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Fortuna crítica:
"A arte surpreende sempre. Ezra Pound diz que: “A poesia difere da prosa pelas cores concretas de sua dicção”. Diário da Imperfeita Natureza, do poeta Ricardo Sant'anna Reis, já no título você é tomado por um impacto de beleza estilística. Seguindo e passeando pelo corpo do livro, vamos encontrar pontos de luzes que nos questionam e nos adicionam. “De repente, tudo se dá aos tropeços, sem ciência. O fim das coisas, igual ao começo”. Um poeta de múltiplas vozes, tons e sons. “...devorar, num ritual antropofágico, minhas referencias...”. Seguindo página a página, o livro vai indo e te tomando, num misto de elaboração, sabedoria e domínio da escrita. O poeta dança solto e dá show de construção no ofício do fazer. Fique atento e siga a trilha: Ricardo Sant'anna Reis chegou para afirmar que poesia é coisa fina. E é: Demanda ao Mestre Pessoa, Uma Clara Tessitura, Gazal de Aprendiz, O Corsário, Poema para Walt Whitman, etc. O poeta, seus amores, suas interrogações e seus caminhos. Colhendo no ar a viva tradição, Diário da Imperfeita Natureza trás em seu bojo a marca de civilizações várias. É a afirmação de nova e contundente voz na poesia deste Brasil de dimensões continentais.
Luz, luz, luz!"
Rio, agosto de 2007 Jorge Salomão
"Meu caro Ricardo,
Já li por duas vezes, como faço com poemas que me interessam, o seu livro Diário da Imperfeita Natureza. Trata-se de um livro de poemas que apontam para várias tradições da literatura, mantendo a coerência de uma linha cordilheira autoral, onde a clara emoção romântica não suplanta a busca por apuro formal. Seus poemas marcam-se pela diversidade de natureza temática ou de linguagem, de forma muito singular, trazendo referencias que revelam profundidade, através de uma intertextualidade bem colocada. E poesia é mesmo vasta e indefinível no seu absoluto. A síntese poética, por mim eleita, depois de inúmeras imagens e alusões, tem a linha central que a estrutura no verso "Escrever um poema, ademais / é não morrer nunca mais”. Aí está a aura, o sentido de eterno que não nos abandona desde os melhores poetas da antiguidade.
Receba o abraço do amigo Gilberto Mendonça Teles, Rio, Janeiro/2009
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