Que tudo? O quê da bem querência?
Teus pares, Dolores,
haveres, teus males da vida e amores.
nas guerras a revisitar
nas alcovas consentidas
na foto na parede, Itabira sacrificada.
No batente da janela corroída
a maresia por remanso.
O que restou do Rio de 40?
Restou a tua mão patética em recolhimento
os óculos ovais que denunciam o cansaço
e o sentimento ruinoso do mundo.
E como saber se não foi sonho se não foi sanha
a poética refletida no olhar da pomba
verdadeira, perdida no passeio Público?
E se ao toque do bumbo da praça em frente
ao Cinema Olinda, o homem sisudo e tímido, enamorado
da dama antiga, ainda se assombre com o estribilho do bonde.
Suspeito que roubas discreto do Carlitos, a eterna cena.
Repara. Embora falte o sentido que te parecia intimo
e necessário, habita a alma algo da canção amiga
das memoraveis sentenças, dos versos tecidos na sombra.
E é esta alma que já se cogita
ser assim mais do que flama,
- um poema.
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