segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Um Poema à Rosália de Castro


Passa, porque me passa a nuvem
Que já foi suave e foi sombra
Sobre o chão de Bastavales.

Hoje polo céu azul do Brasil
Pega-me de amor galego
E traz-me a paz polos ares
Em rolos de fume.

Ah, Bastavales, Bastavales!
Inda oiço nas campas da esperança
A Rosa que te nomeai
Pisando em tuas folhas verdes
Carpindo tuas letras olvidadas.

Ah, nube ridente, medieva campesina
Que me passa, em teu bruar
Polo meu desterro, desde tão longe
Da Nai e Nação Galega.

Dá-me tuas nuvens como chalés
Dunha fina estampa roxa
Como um fim de tarde
Sem nenhum peso na fronte
A nos turbar.

Assim, irmão, a ti por esta nube leve
Querer-te também bem-vindo a vida
Sem tempo, sem um fim e sem começo
Como no horizonte da Fisterra
Em que todo o mal em unha oração se evita
Antes de lançar-se ao mar
O como num encanto em um caldeiro druida
Na clareira do bosque frondoso e negro de Vigo
Como no mistério oclusivas
Que em todo que é bem se permita.

Artur de Bastavales

Vigo - GALIZA, 2009 10 20

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Ricardo Sant'Anna Reis 21.9170-9004

Ricardo Sant'Anna Reis  21.9170-9004
"rondava a rosa à poesia pelos jardins das flores tanto mais diversa a rosa quanto mais forem os amores". Sociólogo, poeta e editor, publiquei em antologias e recebi alguns premios literários. Tenho dois livros: "Diario da Imperfeita Natureza" e "Derradeiro Prelúdio" (no prelo). Pretendo aqui interagir com voce sobre poesia ou qualquer outro assunto relevante.

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