terça-feira, 27 de abril de 2010

Verdejar


Caber-nos-á levar como nos apetecer
A enfiada que em si é estar no mundo.
Inventar o reboliço desde túmulo-aquem
À superfície do lago ou no lodo, no fundo.

E que te baste estar vivo para flanar.
Pouco se dá o morrer ou o sobrevir.
Não há como a bruta espera renegar.
O dia novo é também dia de véspera.

Ame, porquanto maior o dia que o desengano.
E ainda que seja o mais doce desatino, ame.
Tudo é muito pouco, nada mais do que pano

A cobrir vergonhas de um viver de indigência
Seja o menino a quem lhe façam vãs vontades
Seja nos vislumbres vãos da douta ciência.

Ricardo Reis 2010

Um comentário:

Fred Caju disse...

Parabéns pelo soneto!

Evoé!

Saiba que a sua visita e o seu comentario dão sentido a este espaço, que alem de divulgar poemas, quer conversar sobre a vida. Esteja em sua casa.

Ricardo Sant'Anna Reis 21.9170-9004

Ricardo Sant'Anna Reis  21.9170-9004
"rondava a rosa à poesia pelos jardins das flores tanto mais diversa a rosa quanto mais forem os amores". Sociólogo, poeta e editor, publiquei em antologias e recebi alguns premios literários. Tenho dois livros: "Diario da Imperfeita Natureza" e "Derradeiro Prelúdio" (no prelo). Pretendo aqui interagir com voce sobre poesia ou qualquer outro assunto relevante.

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