terça-feira, 22 de junho de 2010

DESACERTO

A donzela-musa o surpreende no beijo ausente
Em que a magoa que lhe dobra se pressente
Aceno tíbio, inaudito adeus de moça afrontada
Não dava mais contas dos mimos seus por nada.
Pensa o vate que não há de pirata um tesouro
Ou a beleza que lhe possa acudir um esteta
Que valha o nevoar do âmago, o desdouro
Da amada que se crê preterida pelo poeta.
Este, penitente, se renova em harta devoção
Derribando humores outros da eterna promissão
Amando assim transido, não a quer embaraçada
Insone no duvidoso anseio da inútil madrugada.
Ao enfeixar de coragem o amor que à musa devota
Rouba-lhe o beijo de tornar noite escura, enluarada.

Nenhum comentário:

Evoé!

Saiba que a sua visita e o seu comentario dão sentido a este espaço, que alem de divulgar poemas, quer conversar sobre a vida. Esteja em sua casa.

Ricardo Sant'Anna Reis 21.9170-9004

Ricardo Sant'Anna Reis  21.9170-9004
"rondava a rosa à poesia pelos jardins das flores tanto mais diversa a rosa quanto mais forem os amores". Sociólogo, poeta e editor, publiquei em antologias e recebi alguns premios literários. Tenho dois livros: "Diario da Imperfeita Natureza" e "Derradeiro Prelúdio" (no prelo). Pretendo aqui interagir com voce sobre poesia ou qualquer outro assunto relevante.

Seguidores