terça-feira, 15 de junho de 2010

um belo poema

Ultravida


Ah! Devolva-me intacta
a brisa perdida nos descaminhos.
Que o cinza não cubra o arco-íris
e no rebento da onda
não me fuja a poesia.

Rejuvenesço,
enquanto o tempo
mata a vida nas dobras da pele.
Carcomidas pela ferrugem das horas
as dobradiças do tempo
não articulam novos movimentos.

A poesia flana na alma
enquanto a morte
agiganta-se na carne.
O corpo atracado no porto,
assiste ao poente
que repete paisagens do que foi
vivido, cismado, divagado, perdido.

A alma, em outras paragens,
navega em mar alto,
com a certeza
de que depois do porto
nada é findo, mas inefável...

Não há como fugir nem fingir, começo a crer:
há um desarranjo no duplo que me faz.

Cláudia Gonçalves & Ednilson de Paulo

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Ricardo Sant'Anna Reis 21.9170-9004

Ricardo Sant'Anna Reis  21.9170-9004
"rondava a rosa à poesia pelos jardins das flores tanto mais diversa a rosa quanto mais forem os amores". Sociólogo, poeta e editor, publiquei em antologias e recebi alguns premios literários. Tenho dois livros: "Diario da Imperfeita Natureza" e "Derradeiro Prelúdio" (no prelo). Pretendo aqui interagir com voce sobre poesia ou qualquer outro assunto relevante.

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