sábado, 6 de novembro de 2010

PROFAN(AÇÃO) - um flanneur em Madureira

Equivaler-se no mercadão das almas
e sobreviver ao mormaço tardio
das intenções desistentes.

As ruas fervem de um fluxo inesgotável
de um ir e vir de esperanças, iniludível
as ruas fervem, inexcedíveis, incontornáveis.

Toda pedra sobre pedra começa a remoção do entulho.
No inferno é lixo por toda parte.

As grandes harpias da salvação
encimavam o telhado a casa desabada.
Agora abrem asas (sombras) sobre o subúrbio.

As imagens, artigos religiosos
luminárias baratas e enfeites chineses
rifles, batuques, cismas e crismas
alem das musas e a disposição natural ao paraíso.

Inda que intentes alcançar a clara promissão
de um veio de mel, de campos de aveia
estejas pronto a guerrear todas as guerras.
Todo corpo santo é sujeito à profanação.
Nada é mesmo tão humano
quanto o riso, quanto a arte
quanto a barbárie
reeditada por mil vezes.

Ricardo Reis 2010

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Ricardo Sant'Anna Reis 21.9170-9004

Ricardo Sant'Anna Reis  21.9170-9004
"rondava a rosa à poesia pelos jardins das flores tanto mais diversa a rosa quanto mais forem os amores". Sociólogo, poeta e editor, publiquei em antologias e recebi alguns premios literários. Tenho dois livros: "Diario da Imperfeita Natureza" e "Derradeiro Prelúdio" (no prelo). Pretendo aqui interagir com voce sobre poesia ou qualquer outro assunto relevante.

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