sexta-feira, 12 de novembro de 2010

SONETO DAS FLORES MIUDAS

Ab-sinto um mar de amargura me tomar
E vejo a amarílis em artifício à navegar.
Queda-me o coração aos auspícios d’alecrim
Como a fuscia do amor ardente fulge em mim.

Ah, se a primavera de anís vai se adornar
Ante o céu sem quase nuvem a branquear
E se jamais real promessa houver assim
Esteja pronta a inconstância do amor, por fim.

Zínia, sálvia e tomilho, o que dispor
Seja o manjericão ou a cicuta brava na pia
Restam os temperos para fazer valer o dia.

Seja na vida, seja no tempo ou no amor
Tragam-se flores para a maior dor ou elegia
Pois dália, glicínia ou cravina, só de ser são poesia.

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Ricardo Sant'Anna Reis 21.9170-9004

Ricardo Sant'Anna Reis  21.9170-9004
"rondava a rosa à poesia pelos jardins das flores tanto mais diversa a rosa quanto mais forem os amores". Sociólogo, poeta e editor, publiquei em antologias e recebi alguns premios literários. Tenho dois livros: "Diario da Imperfeita Natureza" e "Derradeiro Prelúdio" (no prelo). Pretendo aqui interagir com voce sobre poesia ou qualquer outro assunto relevante.

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