A Ferreira Gullar
A casa é sempre presença.
É chão com falhas que esconde o cisco de ovo não varrido.
A casa ressende a café da manhã e a outros cheiros de um dia começando misturados aos ficados da noite.
A casa é o trabalho dos anos
é a oclusão dos cantos
A casa ressende a café da manhã e a outros cheiros de um dia começando misturados aos ficados da noite.
A casa é o trabalho dos anos
é a oclusão dos cantos
é a ruminação dos insetos.
A casa é o vento forte da tarde.
É a espera pela chuva para o viver do telhado.
A casa é saudade, é beiral de abrigar ninhos
algaravia das andorinhas.
A casa é o vento forte da tarde.
É a espera pela chuva para o viver do telhado.
A casa é saudade, é beiral de abrigar ninhos
algaravia das andorinhas.
É amor de pai
prontidão de filho
promessas de eternidade.
prontidão de filho
promessas de eternidade.
A casa é o vinho do porto
acalentando uma noite fria
noite de amor lúbrico.
A casa é o choro da criança
é lugar de morte e de vigília
é lugar de morte e de vigília
a casa é a casa da fazenda
donde se avista, desde o alpendre
os pastos no vale umbrífero
lá no longe da memória.
É útero ubérrimo, a casa
a parir os aconchegos
e a preguiça doce do não-ser.
3 comentários:
(transcrito de Email)
Caro Ricardo, obrigado pelo belo poema a mim dedicado. Abrs.Gullar
É uma honra ter este retorno do poeta maiór. Obrigado mestre.
(transposto de outro Blog)
Ricardo, belíssimo poema! Parabéns! Ele nos transporta
a odores, sabores, saberes
e lembranças. Adorei!
Luiza Moreira
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