sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Navegações de Jardim


O peripatético poeta

caminha pelo jardim interno

do hospital

deambulando e absorto

no espaço circunscrito.


Folhas verdes irradiantes

ledas lepidópteras

vitrais e raios de sol;

enfrenta o adverso inferno.


Está inteiro, em tais eventos plenos de significado

quando de uma capela próxima, chegam-lhe aos ouvidos

os hinos de um oficio a Deus.


Pecado, penitencia, martírio, num tropel contra os versos seus.

Mas, refuta a melancolia no poema que vai riscando no papel.

Não se submete. Quer a vida. E a vida persiste, tão logo

finda a missa. Cerradas, do templo, as janelas, retorna de pronto a viva luz

a luz do mar da procela!


O peito se abre ao oxigênio! Ao timão, meu amigo capitão!

Navegue! Muito há por ver: uma gota de orvalho;

uma folha que esvoaça, a relva verde crescendo

e ali...um pássaro atento, de piedade ausente

levando ágil o inseto destroçado no bico, ao rebento

como o faria qualquer mãe humana de coração compassivo.

Um comentário:

LirÓ CarneirO disse...

Quando a vida nos ameaça deixar, tudo o que não valorizamos passa a ter um valor imenso. A vida tem que ter esse valor independente do risco que a morte traz ao nos ameaçar.

Evoé!

Saiba que a sua visita e o seu comentario dão sentido a este espaço, que alem de divulgar poemas, quer conversar sobre a vida. Esteja em sua casa.

Ricardo Sant'Anna Reis 21.9170-9004

Ricardo Sant'Anna Reis  21.9170-9004
"rondava a rosa à poesia pelos jardins das flores tanto mais diversa a rosa quanto mais forem os amores". Sociólogo, poeta e editor, publiquei em antologias e recebi alguns premios literários. Tenho dois livros: "Diario da Imperfeita Natureza" e "Derradeiro Prelúdio" (no prelo). Pretendo aqui interagir com voce sobre poesia ou qualquer outro assunto relevante.

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