O peripatético poeta
caminha pelo jardim interno
do hospital
deambulando e absorto
no espaço circunscrito.
Folhas verdes irradiantes
ledas lepidópteras
vitrais e raios de sol;
enfrenta o adverso inferno.
Está inteiro, em tais eventos plenos de significado
quando de uma capela próxima, chegam-lhe aos ouvidos
os hinos de um oficio a Deus.
Pecado, penitencia, martírio, num tropel contra os versos seus.
Mas, refuta a melancolia no poema que vai riscando no papel.
Não se submete. Quer a vida. E a vida persiste, tão logo
finda a missa. Cerradas, do templo, as janelas, retorna de pronto a viva luz
a luz do mar da procela!
O peito se abre ao oxigênio! Ao timão, meu amigo capitão!
Navegue! Muito há por ver: uma gota de orvalho;
uma folha que esvoaça, a relva verde crescendo
e ali...um pássaro atento, de piedade ausente
levando ágil o inseto destroçado no bico, ao rebento
como o faria qualquer mãe humana de coração compassivo.
Um comentário:
Quando a vida nos ameaça deixar, tudo o que não valorizamos passa a ter um valor imenso. A vida tem que ter esse valor independente do risco que a morte traz ao nos ameaçar.
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