O Bandeira inopinado de cada dia
De um acúleo amigo, seco e perdido
Faz-me lembrar nesta manhã fria.
Este que privou de tais momentos
Da intimidade do deserto árido
Estóico, sem resmungos ou tormentos.
A pouca água à serventia
De sua presença encoberta e silente
Apenas quando a lembrança me surgia.
Era ácida e necessária a critica de meu eito
Seus espinhos feriam o magma
De meus useiros poemas imperfeitos.
A gota varia de meu sangue deprimido
Rubro e lívido, de infrutil esterilidade
Marcou o seu verde esmaecido.
Cactáceo raptado a um torrão qualquer
Companheiro de (d)anos e de nada
Para o nada se foi esquecido.
Mudei-me de casa.
E como tantas coisas se vão perdidas
Nas mudanças, talheres, dores, amores
E paisagens, assim se foi
Para todo o sempre
Meu camarada observador de misérias.
Condenei-o a exuberância de um jardim qualquer
E a infanda companhia de plantas fúteis e flores
Ao alvorecer constante
Sem mistério, repetido e chato
Ausente a sombra de meus poemas.
Meu hirto cacto; e calado
Hoje, em outro de meus hemisférios
Se me tornou um peixe azul e afogado.
Um comentário:
(transposto de Email recebido)
O cacto do Bandeira continua a tocar a nossa sensibilidade. Belo poema. Parabéns, Ricardo
Gilberto Mendonça Teles
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