sexta-feira, 1 de maio de 2009

SOBRAS DE UM TEMPO GRANDE

A Manuel Bandeira

Lançava mão dos silêncios
na noite, entre os meus
fantasmas.

De sapos que não mais havia
inda se ecoava o coaxar.
Adornada de estrelas
a noite divina e suave,
platinava.

Ah, sapo cururu
de minha infância.
Aonde foi parar?
Onde é o teu leito de rio?

No céu argênteo
de uma media luna
guardam-se poucos mistérios
da dimensão de minha ânsia
e da espessura das sobras.

Segui em passos ensaiados
na beira do charco, no chão.
Não existe mais saparia
nem mesmo o cio estelar.
O que ainda busco aluado?
Afinal, para que lado
a minha Pasárgada?

Como o pecador
do fim dos tempos
como um sufí delirante
conduzo o meu destino
em silencio
ao alvor da luz de velas
num rodopio bailado.

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Ricardo Sant'Anna Reis 21.9170-9004

Ricardo Sant'Anna Reis  21.9170-9004
"rondava a rosa à poesia pelos jardins das flores tanto mais diversa a rosa quanto mais forem os amores". Sociólogo, poeta e editor, publiquei em antologias e recebi alguns premios literários. Tenho dois livros: "Diario da Imperfeita Natureza" e "Derradeiro Prelúdio" (no prelo). Pretendo aqui interagir com voce sobre poesia ou qualquer outro assunto relevante.

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