sexta-feira, 25 de setembro de 2009

MENINA DE TRANÇAS


I

A menina de tranças
armava um jogo de pedras
bulitas multicoloridas
lajedo do rio, de pedra
arenoso, lavra
cada pedra escolhida
uma palavra separava.

Depois, outra medida
a palavra sentida ela amava.
Era num horizonte perdido;
e havia uma pedra de mar
que se revolvia nas ondas;
e uma pedra chamada anel
que em conchas anelava-se;
e se era azul a cor do céu
dizia a menina, lápis-lazúli
era a pedra de azular.

Se patos no alto apontavam
a menina batizava
a pedra.
Pensava em revoada, fluía
disparava na imaginação
se deixava, costumeira.

Como um trigueiro navio
ela tecia tramas de bilro
à sombra da palmeira
tecia um vestido de névoa
alinhavado com brilhos de rio.

II.

A menina de tranças sonhava.
Queria de alguém bem bonito
Ser a primeira namorada.

Esperando o amor, acontecia
De dançar alegre e em tal fulgor
Ao poente, no fim do dia

Que o próprio sol admirado
A mirava enquanto anoitecia.
Dançava sozinha e tão plena

Que dançando trançava aprendia
O seu lírico destinar de menina
Lírica, derramada em poesia.

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Ricardo Sant'Anna Reis 21.9170-9004

Ricardo Sant'Anna Reis  21.9170-9004
"rondava a rosa à poesia pelos jardins das flores tanto mais diversa a rosa quanto mais forem os amores". Sociólogo, poeta e editor, publiquei em antologias e recebi alguns premios literários. Tenho dois livros: "Diario da Imperfeita Natureza" e "Derradeiro Prelúdio" (no prelo). Pretendo aqui interagir com voce sobre poesia ou qualquer outro assunto relevante.

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