Soava Weber
para um amor do passado.
Vez por outra do uirapuru
um trinado
anunciava a meiga
letargia da brisa.
Debruçada sobre
um jardim interior
uma velha senhora flautista
apaixonada, soava Mozart
Bach e Rachimaninov.
O som da flauta era tênue e doce
e flanava como se fora o acorde
d’um sopro que a vida permissiva
mal grado ainda lhe inspirava.
A flauta transversa como do amor
a primeira vértebra
era azougue
que desatava o nó górdio
no peito, e fremia sem sentido
fremia sem ter jeito.
E assim o tempo
se encarnava de auroras
na promessa lenitiva
do entardecer.
Que mais deste contralto na alma?
Que mais desta emoção rasgada?
Como lastros, apetecidas
as estrelas cadentes
caiam no quintal da casa.
Que mais do rastilho da vida
que já pulsou quase inteira?
O semitom, a arte nobre e nômade
capaz de um voar sem asas.
Só a arte sustenta um amor assim
que vá ao limite da loucura.
Só a arte e o amor gritam juntos
Do cimo do monte
da copa da arvore.
Amor é como doença devastadora
da qual não se tem
nem quer ter-se a cura.
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Um comentário:
"A FLAUTISTA APAIXONADA"
BELOS VERSOS, SEREI UMA SEGUIDORA DESTE ESPAÇO LITERÁRIO, MEUS CUMPRIMENTOS,
EFIGÊNIA COUTINHO
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