segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Gazal de aprendiz


Quisera ser como queres
Um ser perfeito e feliz.
Iria tão pleno de haveres
Movido por força motriz.

Cinético em tais projetos
A me perder por um triz.
Fincando raízes por nada.
Jamais esculápio, eterno petiz.

Mas hoje sei, poeta sou convicto.
E bem mais do que se prediz:
O ente perdido no mundo
Seguindo, por tudo infeliz.

Dir-te-ei neste gazal quebrado
Ou a espectral sombra me diz
Corrigindo este meu vaticínio
Pois tu és minha musa e sorris.

Faz-me ledo alumbrar o lirismo
Neste oficio de aprendiz.
Pode-se tudo ou se então nada posso
Valeu ter tentado as coisas que fiz.

Baldadas as mil e uma verdades
Ao íntimo, algo na poesia me diz:
Que só tem apego à plena vida
Quem continuum reinventa o mundo
Quem vagando da terra ao limbo
Vá muito alem de Cádiz.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu li pela milézima vez este belo poema, que me motivou a eleger opoeta e muso primeiro, e não encontrei comentário algum.
Grande espanto me causa e também forte emoção por ter recebido o privilégio, de ser a primeira. Sou também aprendiz, não de gazal, quem dera, mas da força motriz.
Não é à toa que este belo poema ganhou um prêmio na Bienal de Poesia!

Parabéns, poetamigo querido por seus escritos e por seu classudo blog.

Beijos

Vera Sarres

Evoé!

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Ricardo Sant'Anna Reis 21.9170-9004

Ricardo Sant'Anna Reis  21.9170-9004
"rondava a rosa à poesia pelos jardins das flores tanto mais diversa a rosa quanto mais forem os amores". Sociólogo, poeta e editor, publiquei em antologias e recebi alguns premios literários. Tenho dois livros: "Diario da Imperfeita Natureza" e "Derradeiro Prelúdio" (no prelo). Pretendo aqui interagir com voce sobre poesia ou qualquer outro assunto relevante.

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