Quisera ser como queres
Um ser perfeito e feliz.
Iria tão pleno de haveres
Movido por força motriz.
Cinético em tais projetos
A me perder por um triz.
Fincando raízes por nada.
Jamais esculápio, eterno petiz.
Mas hoje sei, poeta sou convicto.
E bem mais do que se prediz:
O ente perdido no mundo
Seguindo, por tudo infeliz.
Dir-te-ei neste gazal quebrado
Ou a espectral sombra me diz
Corrigindo este meu vaticínio
Pois tu és minha musa e sorris.
Faz-me ledo alumbrar o lirismo
Neste oficio de aprendiz.
Pode-se tudo ou se então nada posso
Valeu ter tentado as coisas que fiz.
Baldadas as mil e uma verdades
Ao íntimo, algo na poesia me diz:
Que só tem apego à plena vida
Quem continuum reinventa o mundo
Quem vagando da terra ao limbo
Vá muito alem de Cádiz.
Um comentário:
Eu li pela milézima vez este belo poema, que me motivou a eleger opoeta e muso primeiro, e não encontrei comentário algum.
Grande espanto me causa e também forte emoção por ter recebido o privilégio, de ser a primeira. Sou também aprendiz, não de gazal, quem dera, mas da força motriz.
Não é à toa que este belo poema ganhou um prêmio na Bienal de Poesia!
Parabéns, poetamigo querido por seus escritos e por seu classudo blog.
Beijos
Vera Sarres
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