O trem que, menino
do Rio de Janeiro me levava
rompia ventos com a impaciência
rompia ventos com a impaciência
que ao fim da jornada antecipava.
Café-com-pão, piiuuiiiiiiii...
Apenas eu ia absorto e inteiro
e o maquinista
Café-com-pão, piiuuiiiiiiii...
Apenas eu ia absorto e inteiro
e o maquinista
na curva, ia apitando.
Eu só imaginava, pois que não existia
(não se via) nenhum maquinista
nem curva.
Havia somente o dia se dissolvendo ligeiro.
Olhava pela janela e engolia com o vento
o momento passageiro.
Não dava contas
na viagem
dos contornos da serra mineira
(que agora recupero na lembrança)
disperso que estava na sacolejante
monotonia da paisagem.
Súbito, como no sonho d’Alice
o meu olhar se fixava na casa pobre
de taipa, que se via
bem no meio da planície verde.
A casa, já entrada no escuro da noite
pela lenha que ardia no fogão
em magia, se alumiava.
Tinha um olhar conspícuo
A casa, já entrada no escuro da noite
pela lenha que ardia no fogão
em magia, se alumiava.
Tinha um olhar conspícuo
(a casa) um olhar de eternidade
e vigiava o trem de ferro
em que também viajavam
em que também viajavam
as minhas conjecturas
de criança
de criança
inócuas, inócuas.
E o trem, já então na lonjura
com a pressa da chegada
ainda, em cada curva
E o trem, já então na lonjura
com a pressa da chegada
ainda, em cada curva
parecia que apitava.
Um comentário:
Obrigada pelo passeio de trem ou de bonde,como era na minha infância aqui no Rio. Obrigada por me permitir viajar pelas paisagens das Minas Gerais um pouquinho !
Adorei o passeio...rs
Lindo ! como tudo o que vc faz !
LirÓ CarneirO
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