segunda-feira, 4 de maio de 2009

O TREM DE FERRO


O trem que, menino
do Rio de Janeiro me levava
rompia ventos com a impaciência
que ao fim da jornada antecipava.

Café-com-pão, piiuuiiiiiiii...

Apenas eu ia absorto e inteiro
e o maquinista
na curva, ia apitando.

Eu só imaginava, pois que não existia
(não se via) nenhum maquinista
nem curva.

Havia somente o dia se dissolvendo ligeiro.
Olhava pela janela e engolia com o vento
o momento passageiro.

Não dava contas
na viagem
dos contornos da serra mineira
(que agora recupero na lembrança)
disperso que estava na sacolejante
monotonia da paisagem.

Súbito, como no sonho d’Alice
o meu olhar se fixava na casa pobre
de taipa, que se via
bem no meio da planície verde.

A casa, já entrada no escuro da noite
pela lenha que ardia no fogão
em magia, se alumiava.

Tinha um olhar conspícuo
(a casa) um olhar de eternidade
e vigiava o trem de ferro
em que também viajavam
as minhas conjecturas
de criança
inócuas, inócuas.

E o trem, já então na lonjura
com a pressa da chegada
ainda, em cada curva
parecia que apitava.

Um comentário:

LirÓ CarneirO disse...

Obrigada pelo passeio de trem ou de bonde,como era na minha infância aqui no Rio. Obrigada por me permitir viajar pelas paisagens das Minas Gerais um pouquinho !
Adorei o passeio...rs

Lindo ! como tudo o que vc faz !

LirÓ CarneirO

Evoé!

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Ricardo Sant'Anna Reis 21.9170-9004

Ricardo Sant'Anna Reis  21.9170-9004
"rondava a rosa à poesia pelos jardins das flores tanto mais diversa a rosa quanto mais forem os amores". Sociólogo, poeta e editor, publiquei em antologias e recebi alguns premios literários. Tenho dois livros: "Diario da Imperfeita Natureza" e "Derradeiro Prelúdio" (no prelo). Pretendo aqui interagir com voce sobre poesia ou qualquer outro assunto relevante.

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