quarta-feira, 28 de outubro de 2009
A FISTERRA
E haviam-se lá os franceses, como noutro tempo os ingleses
E sabem bem, os romanos, às voltas com a egrégia lida.
Vão soerguer por mil vezes a civilização do ocidente.
Assim rompiam então os anos que solitude lhes traziam.
Ao sentido gregário da vida, ao arcabouço do pensamento
À ideação inscrita na mente e desde a helade filosófica
Ou desde os antigos templários, nos umbrais da Arcádia romena
Indo dos Bálcãs desérticos, aos píncaros Alpes, novos ares.
Já lá haviam nas festas nórdicas
Povos tais que edificaram a Europa
Presentes na céltica Escócia
Nas piras funerais de heróis mortos
Os gaélicos edificaram a Europa
Embora, por poetas, não quisessem
A concentração de poderes
A industriação dos impérios
A inventiva dos engenhos
A expansão dos domínios
Como na era pré-burguesa
Expandia-se sobremaneira
A submissão dos corpos ao segredo e todo o comércio de haveres.
Exerciam a dominação dos mistérios, vaticinados ao vagar errante
Acalentando-se por artes, sortilégios iniciáticos
Hábeis mascates do sentido, nas planícies, nos bosques e prados
Habitando aos montes breogántinos, viviam no interior dos nevoeiros
Por entre carvalhos minhotos, se iam medievais calaveiros
Que cavalgavam alem dos vales, que toavam Canções de Amigo
Pelas encostas de Portocalli
Eram poetas, eram mouros, cantantes, cristãos novos ou ciganos
Almas celtas, desde a Bretanha, salvo engano, nos cantões
Entre vivos, nos rochedos, seres da brenha entre arvoredos
Entre mortos, atávicos espectros, inda outros tantos vagavam
Distantes de nós ou tão perto
À razão do maior dos enganos, vivendo ao vigor dos acertos
Correndo, não em busca do ouro, mas polo sonido ou por brilho.
Povos crédulos que vertiam prantos ao colo da nai olvidada
E que a belos cânticos atendiam, libações na floresta druidesca
E tratavam-se todos por lobos, uivando à lua, à tristeza
Tocados assim, deste mundo, um mundo varrido por guerras
Ficava a Nação Leonesa, de um povo marcado e pacífico
A espera de cumprir o vaticínio e salvar a língua portuguesa.
No bruar benfazejo da poesia, seguiram sem alvoroço
Polos mundos na promissão, e por serem só os que erram
Viram-se na beira, na Ibéria, lá onde a terra se acaba
Ao marco de um novo começo, chegados são a Fisterra.
Promontorium sacrum, desde a selvagem rudeza
Dos ventos suevos de Vigo, ali, a herança neolítica.
No Porto da Gália, Gallaecia, áridos confins não-castelhanos
Os nômades galegos, Galiza, da larga pátria intima, defronte
Aos portugueses ares, os que sobraram, sobejos
E que ficaram a ver navios nos portos
Donde o sol, ferro em brasa
Extinguindo no mar, no horizonte
Alem, nas praias peninsulares
Onde pisavam os homens nos seixos
Na rarefeita vegetação, os desejos
Desejos barrocos caídos no chão
E na pressa, os homens seguiam sem beijos
Pisavam nos turfos esparsos, ali
Era o prelúdio de uma vocação
O melancólico abandono dos lares
Que remota casa já perdiam
Remotos, do mar, os caminhos
A que se lançavam desde o Minho
Pelo Tejo - e d’alemar? o que virá?
“nada nós vemos”...diziam
“de coisa alguma sabemos, a não ser que
no velho mundo, nada mais a palmilhar”.
A insuspeita aventura humana
Equivalia a se lançar ao incerto
Às descrições virgilianas
Na coragem maior que já se viu
Montaram, pois, na burrinha
De sua maior riqueza
- a esculpida língua portuguesa.
Da antiga cultura romântica
E saíram-se pelo mundo a fora
Ajudaram a formar o Brasil
E o mundo d’ocidente
Alegres e tristes heróis de ventura
Reservados como devem os cientes
De lôbregos segredos, os que não soçobram
Aos reis vis de Castella
E seja o homem virtuoso
Seja a mulher de pia fronte
Foram povoar o novo mundo
De nós, tão longe e tão perto
Que não se lhes acusem o medo
Pois se partia do porto ao sol cedo
A transitar o mar aberto
Para alem do horizonte
Em velas enfunadas de utopia
- ao chamado de sermos
Todos nós os galegos
sábado, 24 de outubro de 2009
CIRANDA
roupa de missa
primeira comunhão
batizado
quermesse
almoço em família
frango assado
macarrão
tutu à mineira
pudim-de-leite
“Hoje é domingo
Pé de cachimbo”...
vassoura atrás da porta
espanta visita
o anjo da noite
vara o tempo...
...”A gente é fraca
Cai no buraco”...
perde mãe
pai
não reza
vira ateu
engorda
“Come o pão que o diabo amassou”
e na segunda começa dieta
...”Buraco é fundo
Acabou o mundo.”
então...
uma simpatia
livra-nos do fastio
de sermos adultos
para sempre
Fátima Cerqueira / Juíz de Fora, MG
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
amor natural
quero um amor comum
que só me encante
que nunca me inquiete
um que não me conte
as horas
nem que me conte
os silêncios mudos
quero um amor comum
teatro minimalista
em que cada gesto
nada signifique
alem dele próprio
quero um amor natural
amor no banco da praça
de mãos dadas
leve e profundo
não, não quero
mais nada
só quero
um simples amor
para mudar o mundo
que só me encante
que nunca me inquiete
um que não me conte
as horas
nem que me conte
os silêncios mudos
quero um amor comum
teatro minimalista
em que cada gesto
nada signifique
alem dele próprio
quero um amor natural
amor no banco da praça
de mãos dadas
leve e profundo
não, não quero
mais nada
só quero
um simples amor
para mudar o mundo
Poema erótico sobre a mulher, o mar e os quatro elementos
O poeta fora amar
uma mulher na praia
na pedra de minério
junto à arrebentação.
A onda se afirmava
na horizontal
vinha vindo, vezes sim
vezes não.
Na espuma branca
pululava
quase fonte, enxurros
da acidez de sal.
Pelas fendas
de recônditas rochas
o poeta observava
voyer, à ondas se armando
em vivo sexo elemental.
No longe, n’alto-mar
defloradas na premência vã do agora
iam-se como marolas
que choram.
e a vaga de ontem
era como se fora
a sumula da que
seria a de amanhã.
Era como um gozo
continuado, múltiplo
interminável de amor
tal qual só podem
homens e mulheres que se amam
em um furor de fogo
e que se sugerem
sempre ao sol restante.
Mais do que a eternidade
restava ali
um único instante.
Os seios da mulher
já pontuam eriçados
prontos ao roçar do dente
ao frescor dos lábios.
Sob a penumbra noturnia e bela
ofereciam-se à sombra da noite.
Mas pousava o olhar, o poeta
que se cria sábio
no remanso esquecido
do quebra-mar
sobre a pedra.
Na avidez perdida
de Eros, o amor proposto
então já ardia
consumação de Poseidon e de Fedra.
E vinha no fluir do vento
ainda mais algum elemento
a lembrar o pecado capital.
A maresia e no ar o aroma
de caju suculento ou romã.
Disposta e languida na areia
a mulher esquecida, perdida
pedia a brisa e o vento
para se aliviar
da secura da canícula.
O frisson do corpo
os beijos vadios
na pele da nuca
no bico do seio.
Infinitivo do amor total.
Nunca o vértice entre
as suas pernas
fora mais ardente
e sensual.
Era como um figo
maduro e aberto, exposto
sua rugosa vermelhidão
que exalava, aguava-se
para a devoração da língua.
Ah, poeta! Que péssimo amante!
Ali a mulher deixada à míngua
e seu olhar resvalando atônito
do corpo líquido e quente
perdia-se no tirocínio da mente
perdia-se na observância inútil
da lubricidade inconsútil do mar.
uma mulher na praia
na pedra de minério
junto à arrebentação.
A onda se afirmava
na horizontal
vinha vindo, vezes sim
vezes não.
Na espuma branca
pululava
quase fonte, enxurros
da acidez de sal.
Pelas fendas
de recônditas rochas
o poeta observava
voyer, à ondas se armando
em vivo sexo elemental.
No longe, n’alto-mar
defloradas na premência vã do agora
iam-se como marolas
que choram.
e a vaga de ontem
era como se fora
a sumula da que
seria a de amanhã.
Era como um gozo
continuado, múltiplo
interminável de amor
tal qual só podem
homens e mulheres que se amam
em um furor de fogo
e que se sugerem
sempre ao sol restante.
Mais do que a eternidade
restava ali
um único instante.
Os seios da mulher
já pontuam eriçados
prontos ao roçar do dente
ao frescor dos lábios.
Sob a penumbra noturnia e bela
ofereciam-se à sombra da noite.
Mas pousava o olhar, o poeta
que se cria sábio
no remanso esquecido
do quebra-mar
sobre a pedra.
Na avidez perdida
de Eros, o amor proposto
então já ardia
consumação de Poseidon e de Fedra.
E vinha no fluir do vento
ainda mais algum elemento
a lembrar o pecado capital.
A maresia e no ar o aroma
de caju suculento ou romã.
Disposta e languida na areia
a mulher esquecida, perdida
pedia a brisa e o vento
para se aliviar
da secura da canícula.
O frisson do corpo
os beijos vadios
na pele da nuca
no bico do seio.
Infinitivo do amor total.
Nunca o vértice entre
as suas pernas
fora mais ardente
e sensual.
Era como um figo
maduro e aberto, exposto
sua rugosa vermelhidão
que exalava, aguava-se
para a devoração da língua.
Ah, poeta! Que péssimo amante!
Ali a mulher deixada à míngua
e seu olhar resvalando atônito
do corpo líquido e quente
perdia-se no tirocínio da mente
perdia-se na observância inútil
da lubricidade inconsútil do mar.
AMOR I
mais do que destino traçado
sob a égide da lua cheia
me perder em tí foi tal
como sinal trocado de uma
vital sustança
uma rediviva sina
de augusta esperança
em meia noite fria
(penso)
e esta lua que alumia
me diz que ainda posso
viver amor assim, intenso
sob a égide da lua cheia
me perder em tí foi tal
como sinal trocado de uma
vital sustança
uma rediviva sina
de augusta esperança
em meia noite fria
(penso)
e esta lua que alumia
me diz que ainda posso
viver amor assim, intenso
AMARAMORAMANDO
amo este amor e
sigo amando inda
que a estrela rebrilhe
reclanando a falta
da poética dedicada.
sem saber como
nem saber o porque
eu me perco
nesta caminhada
para expiar o adoecer.
e neste amor tisnado
pela estrada vou sozinho
ficando para trás no caminho
chutando pedras
em triste devaneio.
e elas pedras
não me dizem nada.
espero apenas
por você, amor
prenhe deste amar
que me explica
vê se então
não vai embora
vê se então
não mais complica.
quem de fato ama
sempre amando fica.
sigo amando inda
que a estrela rebrilhe
reclanando a falta
da poética dedicada.
sem saber como
nem saber o porque
eu me perco
nesta caminhada
para expiar o adoecer.
e neste amor tisnado
pela estrada vou sozinho
ficando para trás no caminho
chutando pedras
em triste devaneio.
e elas pedras
não me dizem nada.
espero apenas
por você, amor
prenhe deste amar
que me explica
vê se então
não vai embora
vê se então
não mais complica.
quem de fato ama
sempre amando fica.
terça-feira, 20 de outubro de 2009
A NUVEM QUE PASSA E QUE PASSA
A Rosalia de Castro
Passa, porque me passa a nuvem
Que já foi suave foi sombra
Sobre o chão de Bastavales.
Hoje, polo céu azul do Brasil
Pega-me de amor galego
Traz-me a paz polos aires
Em rolos de fume.
Ah, Bastavales, Bastavales
Inda oiço nas campas da esperança
A Rosa que te nomeai
Pisando em tuas folhas verdes
Carpindo tuas letras olvidadas.
Ah, nuvem ridente, medieval campesinha
Que me passa em teu bruar
Polo meu desterro, desde tão longe
Da Nai e Nação Galega.
Dá-me tuas nuvens como chalés dunha fina estampa roja
Como um fim de tarde sem nenhum peso
Na fronte a nos turbar.
Así, irmão a ti por esta nuvem leve
Querer-te também bem-vindo a vida
Sem tempo, sem um fim e sem começo
Como no horizonte da Fisterra
En que todo o mal en unha oração se evita
Antes de lançar-se ao mar
O como num encanto no caldeiro druida
Na clareira do bosque frondoso
E negro de Vigo
Como no mistério oclusivas
Que em todo bem se permita.
Artur de Bastavales
Vigo - GA, 2009 10 20
sábado, 17 de outubro de 2009
O VERGER DO MOIRÃO
I
Como se da vida nos mostrando tais facetas
Que as alcançamos em seu dispor natural
Vento vem de encontro às vigorantes relvas
Ou a arvore de um amor plantado; beleza sem igual.
E o vento traz de rebordo o fulgente mar
Chiando tanto entre galhos secos, que o alarido
Das crianças soltas à praia, vem à mente e ao ouvido.
São os canários, bem-te-vis e tordos a cantar.
Mas se tudo parece um aquietar derradeiro
Nada passível de interromper a promissão...
É quando se desloca o olhar mais para o lado
E vê-se na estrada em que vai à penumbra, o cavaleiro
Que a hirsuta sombra vem de um pequeno moirão plantado
Que então brotou, vergeu como soberba arvore do chão.
II
A vetusta arvore que sempre se quis moirão
De tronco torto e de feiúra mais que espessa
Elide a morte, que quer que se lhe olvide
A existência assim tão singular.
Não quer sofrer, do corte, inabalável dor.
Quer sobrevir ao eco, ao fim-dos-tempos
Sem que lhes empatem os tíbios lamentos
Sem pretender gastar-se em flamas de ardor.
Não chama pássaros à denúncia do ocaso
Ter ninhos ou ser matéria para lenhos, não
Não, nada alem do sol nos vãos momentos.
A arvore vetusta que sempre se quis moirão.
terça-feira, 13 de outubro de 2009
PARA O FLÂNEUR MARIO QUINTANA
Ah, doce poeta morto dos becos de Porto.
Está na cidade o que de ti nos resta
como reminiscência desta da urgência.
A cidade por teus passos mapeada
num existir onírico, sem pressa.
São mesmo de ti os pampeiros laços
de uma urbe sonhada, onde a vida segue
nos recortes medianeiros
e no espanto surpreendente das esquinas.
Ah, doce poeta morto dos becos de Porto.
Hoje, passando pelo Hotel Magestic
cruzei as vitrinas do saguão principal.
Os corredores do hotel são labirintos borgianos
incorporados em uma fábula de triste abdicação.
Adentrei surdamente em teu quarto
com meu olhar invasor.
Vi teu fato de dandi chique;
vi,por fazer, a tua cama de velho, abandonada.
Vi palavras, versos, poemas, cigarros
e jornais pelos cantos, notícias vãs congeladas
em um velho televisor preto e branco.
E além?
Freqüentei o teu bar, o teu café
conspurquei o teu encanto.
Que mais?
Palmilhei depois, pé a pé
a cidade que te anuncia
nesta tarde azulada e fria.
E a cidade se ia recomposta nos fonemas
martelados por sapos livres
na praça dos passarinhos
ali, bem perto do Mercado Público
onde os que atravancaram
a poesia e o caminho, por ti não passarão.
Ah, doce poeta morto dos becos de Porto.
Ah, doce fluir do Guaíba
Mar Particular, mais do que lago.
Desde este solário em que eu te vejo a flanar
poeta Quintana, nos triste ventos azuis
de Porto Alegre...
Ventos que me fazem fremer
os ossos e a alma leve pelo Bric da Redenção.
De noite, em uma poesia de essência urbana
vou descrever-te na solitude do poema
ardendo pelas estrelas na dor que emana
da intesidade da paixão e da febre.
out 2009
(passando por POA a caminho
de Bento Gonçalves)
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
A FLAUTISTA APAIXONADA
Soava Weber
para um amor do passado.
Vez por outra do uirapuru
um trinado
anunciava a meiga
letargia da brisa.
Debruçada sobre
um jardim interior
uma velha senhora flautista
apaixonada, soava Mozart
Bach e Rachimaninov.
O som da flauta era tênue e doce
e flanava como se fora o acorde
d’um sopro que a vida permissiva
mal grado ainda lhe inspirava.
A flauta transversa como do amor
a primeira vértebra
era azougue
que desatava o nó górdio
no peito, e fremia sem sentido
fremia sem ter jeito.
E assim o tempo
se encarnava de auroras
na promessa lenitiva
do entardecer.
Que mais deste contralto na alma?
Que mais desta emoção rasgada?
Como lastros, apetecidas
as estrelas cadentes
caiam no quintal da casa.
Que mais do rastilho da vida
que já pulsou quase inteira?
O semitom, a arte nobre e nômade
capaz de um voar sem asas.
Só a arte sustenta um amor assim
que vá ao limite da loucura.
Só a arte e o amor gritam juntos
Do cimo do monte
da copa da arvore.
Amor é como doença devastadora
da qual não se tem
nem quer ter-se a cura.
para um amor do passado.
Vez por outra do uirapuru
um trinado
anunciava a meiga
letargia da brisa.
Debruçada sobre
um jardim interior
uma velha senhora flautista
apaixonada, soava Mozart
Bach e Rachimaninov.
O som da flauta era tênue e doce
e flanava como se fora o acorde
d’um sopro que a vida permissiva
mal grado ainda lhe inspirava.
A flauta transversa como do amor
a primeira vértebra
era azougue
que desatava o nó górdio
no peito, e fremia sem sentido
fremia sem ter jeito.
E assim o tempo
se encarnava de auroras
na promessa lenitiva
do entardecer.
Que mais deste contralto na alma?
Que mais desta emoção rasgada?
Como lastros, apetecidas
as estrelas cadentes
caiam no quintal da casa.
Que mais do rastilho da vida
que já pulsou quase inteira?
O semitom, a arte nobre e nômade
capaz de um voar sem asas.
Só a arte sustenta um amor assim
que vá ao limite da loucura.
Só a arte e o amor gritam juntos
Do cimo do monte
da copa da arvore.
Amor é como doença devastadora
da qual não se tem
nem quer ter-se a cura.
MANTO BAUDELAIRIANO
Oh, língua portuguesa
deixe-me à fortuna
de vestir, do poeta, o manto.
Oh, deixe-me à placidez
à mesura que não seja nobre
à charada de pouca monta.
Um viver de curto calibre
não é mais caso para mim.
Não quero a mera flor
da inocência
só arroubos profundos.
Quero rodar roda ao mundo
derramar-me
de sua pura essência.
Oh, deixe-me viver o poema
dos linimentos mais raros
inda que o mundo anoiteça
sempre que a beleza intenta.
Inda quando a noite radica
em um céu, egrégio mata-borrão
sequer caída uma estrela ao chão.
A poesia mandingueira não abdica. A vida Inteira requer para resvalar-se
em todo encanto;
se a crueza da vida nos é dura
já vem o poeta-santo
e o sortilégio
de seu manto-parangolé.
deixe-me à fortuna
de vestir, do poeta, o manto.
Oh, deixe-me à placidez
à mesura que não seja nobre
à charada de pouca monta.
Um viver de curto calibre
não é mais caso para mim.
Não quero a mera flor
da inocência
só arroubos profundos.
Quero rodar roda ao mundo
derramar-me
de sua pura essência.
Oh, deixe-me viver o poema
dos linimentos mais raros
inda que o mundo anoiteça
sempre que a beleza intenta.
Inda quando a noite radica
em um céu, egrégio mata-borrão
sequer caída uma estrela ao chão.
A poesia mandingueira não abdica. A vida Inteira requer para resvalar-se
em todo encanto;
se a crueza da vida nos é dura
já vem o poeta-santo
e o sortilégio
de seu manto-parangolé.
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