Se o absinto um mar de amarguras retornar
Ou a amarilis no artifício te puzer a navegar
Quede-se feliz o coração no auspício d’alecrim
Como se a fuscia de amor ardente fulgisse em mim.
Ah, se houver primavera de anis a te adornar
E mais um céu sem quase nuvem a branquear
Ah, se jamais real promessa se houver assim
Esteja pronta à inconstância do amor, enfim.
Se da zínia, sálvia ou do tomilho se dispuser
O manjericão ou a cicuta brava na pia
Restarão só os temperos para valer o dia.
Na vida, no tempo ou no amor, as flores
Sejam pois na maior dor ou na mais doce elegia
A dália, glicínia e a cravina, só de ser são poesia.
domingo, 30 de maio de 2010
ALFOMBRA
Em ruas largas
nas praças, ao vento
onde mais houver em que se joguem
perdidas palavras.
Que se as escutem nos gritos
nas feiras livres, nas trovas
onde ao sol urdam-se
versos e sombras.
Em meio à arvores urbanas
como os fícus e os oitís
sob o refúgio das amendoeiras
vão as palavras tecendo alfombras.
Ricardo S. Reis
nas praças, ao vento
onde mais houver em que se joguem
perdidas palavras.
Que se as escutem nos gritos
nas feiras livres, nas trovas
onde ao sol urdam-se
versos e sombras.
Em meio à arvores urbanas
como os fícus e os oitís
sob o refúgio das amendoeiras
vão as palavras tecendo alfombras.
Ricardo S. Reis
DOM DE VOAR
Vão-se três pássaros pairando em asas.
Debatem sem revez ou circunlóquio.
Grasnam forte, dedicado alarido.
Que ornitólogo lhes decifra tal colóquio?
Dominam céus em momentos; assim o fazem
Com a alegria inconsentida dos ingênuos
Que alçam vôos inda que internos em casas
Como os amores ao violão plangendo a lira.
Eis que repara na algaravia, desde o pasto, um muar
E com os olhos tristes, de soslaio os admira.
São pensamentos de liberdade a ruminar
Num idear que faz voar mesmo sem asas.
“Que pensas tu, oh burro, diga de pronto!
Revela! Ponha-te a zurrar! Quem te indaga
É um poeta da cidade tão medonho e incapaz
De idéias, um livre verso que seja a adejar”.
Dos píncaros os pássaros severos ao poeta retrucam
Com as asas voejando na imensidade do azul.
Falam: “Basta, oh vate ignaro, de dizer asneiras!
Pobre de quem precisar de idéias para voar!”
Debatem sem revez ou circunlóquio.
Grasnam forte, dedicado alarido.
Que ornitólogo lhes decifra tal colóquio?
Dominam céus em momentos; assim o fazem
Com a alegria inconsentida dos ingênuos
Que alçam vôos inda que internos em casas
Como os amores ao violão plangendo a lira.
Eis que repara na algaravia, desde o pasto, um muar
E com os olhos tristes, de soslaio os admira.
São pensamentos de liberdade a ruminar
Num idear que faz voar mesmo sem asas.
“Que pensas tu, oh burro, diga de pronto!
Revela! Ponha-te a zurrar! Quem te indaga
É um poeta da cidade tão medonho e incapaz
De idéias, um livre verso que seja a adejar”.
Dos píncaros os pássaros severos ao poeta retrucam
Com as asas voejando na imensidade do azul.
Falam: “Basta, oh vate ignaro, de dizer asneiras!
Pobre de quem precisar de idéias para voar!”
domingo, 9 de maio de 2010
CARROSSEL
Que sei eu do bom momento
ou sobre a arte ou a sorte
da vida em Sorrento o que sei arremesso no carrossel nada sei nem da sombra
sob a arvore no dossel. A poesia lunar não se pode tecer em alfombra
sem saber nada em prosa
sem saber nada da morte. O que relata a noite em lume
que vai alta no céu e espetacular
e eu nada sou nem estrume
nem brisa à se revelar nem maresia nas alterosas
nem na beira da estrada eu nada
nem o temor no mar sem cais.
Se de rosas me aterrassem
de medo eu não morria mais
me desfaria em ciúmes restasse somente um verso para sussurrar ao vento, como um gênio da floresta, o supino Ariel.
E eu te diria o meu amor
e te contaria o meu segredo lírico
em total inebrio
e tu displicentemente sorriria tão linda no carrossel.
ou sobre a arte ou a sorte
da vida em Sorrento o que sei arremesso no carrossel nada sei nem da sombra
sob a arvore no dossel. A poesia lunar não se pode tecer em alfombra
sem saber nada em prosa
sem saber nada da morte. O que relata a noite em lume
que vai alta no céu e espetacular
e eu nada sou nem estrume
nem brisa à se revelar nem maresia nas alterosas
nem na beira da estrada eu nada
nem o temor no mar sem cais.
Se de rosas me aterrassem
de medo eu não morria mais
me desfaria em ciúmes restasse somente um verso para sussurrar ao vento, como um gênio da floresta, o supino Ariel.
E eu te diria o meu amor
e te contaria o meu segredo lírico
em total inebrio
e tu displicentemente sorriria tão linda no carrossel.
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