E foi amar o poeta a uma mulher na praia.
A onda que se afirmava no horizonte
vinha vindo vinha vindo a desaguar
na espuma branca a acidez do sal.
Por entre fendas de recônditas rochas
o poeta voyeur siderado observava
as ondas armando o vivo sexo elemental.
As ondas amavam-se ao longe, n’alto-mar
defloradas na premência vã do agora;
e era como se fora a vaga de ontem
por certo a sumula da que seria no amanhã.
Um gozo continuado, interminável de amor
tal qual o de homens e mulheres em furor
que se sugere sempre ao sol restante
mais do que na eternidade, um único instante.
Os seios da mulher já pontuavam belos, bicos
erriçados prontos, sob a penumbra noturnia
e bela da noite; ali já se ofereciam à sombra lunar
sobre a pedra. O poeta pousava o olhar, no remanso
esquecido do quebra-mar, perdido na avidez de Eros.
Havia um desejo proposto que já se ardia na consumação
amorosa de Poseidon e Fedra. E vinha no fluir do vento
o elemento, o pecado capital, a maresia; vinha no aroma
de caju e no cheiro da romã.
Disposta e languida na areia da praia
a mulher pedia à pressurosa brisa, para aliviar-lhe
a secura da canícula e o frisson do corpo; e beijos
vadios que lhe roçassem a pele da nuca.
Almejava o infinitivo do amor total.
Nunca o vértice entre suas pernas, nas coxas
fora mais ardente, na aparência sensual
de um figo maduro e aberto.
Exalava, aguava-se, queria a devoração da língua.
Ah, poeta...que péssimo amante que tu me deras
(ali a mulher dizia deixada à míngua)!
Mas o divagar do poeta resvalava atônito
daquele corpo líquido e quente.
Perdido estava o seu tirocínio
para a observância inconsútil
e inútil da lubricidade do mar.
domingo, 22 de março de 2009
domingo, 8 de março de 2009
Tributo ao Dia Internacional da Mulher - 8 de março
A Pagú
mulher como musa, para líricos devaneios
insólita e a crua, a mulher linda e a feia
a que sobre pernas, passeia
na avenida, à beira-mar
as desnudas, consumidas
em bancas de jornais
as de beleza intacta, as espinhentas
como mandacaru
mulheres de hoje e as de ontem
Eva Nil, Frida Khallo e Pagú
Deus e o Diabo disputam
a infinita proeza desta criação
a mulher que no olhar se amadura
a que no corpo incendeia
toda e qualquer mulher
é promessa de beleza
é sentimento que desabrocha
semeadura primordial
pitonisa, torre de marfim
Sacre Couer de Marie
ambivalência orgástica
e a mais intensa solidão
não me dirá a psicologia
nem tampouco a vã filosofia
pois acima de toda a ciência
a mulher dos outros
e a mulher minha
reluz a tua anatomia
és de novo e desde sempre
pertinência, poema de todo um povo
vera musa da paixão
Penélope de um tempo novo
mulher, toda promissão.
insólita e a crua, a mulher linda e a feia
a que sobre pernas, passeia
na avenida, à beira-mar
as desnudas, consumidas
em bancas de jornais
as de beleza intacta, as espinhentas
como mandacaru
mulheres de hoje e as de ontem
Eva Nil, Frida Khallo e Pagú
Deus e o Diabo disputam
a infinita proeza desta criação
a mulher que no olhar se amadura
a que no corpo incendeia
toda e qualquer mulher
é promessa de beleza
é sentimento que desabrocha
semeadura primordial
pitonisa, torre de marfim
Sacre Couer de Marie
ambivalência orgástica
e a mais intensa solidão
não me dirá a psicologia
nem tampouco a vã filosofia
pois acima de toda a ciência
a mulher dos outros
e a mulher minha
reluz a tua anatomia
és de novo e desde sempre
pertinência, poema de todo um povo
vera musa da paixão
Penélope de um tempo novo
mulher, toda promissão.
Eu dou-te uma rosa cândida e pura
A Joaquim Maria Machado de Assis
Oh! Flor do céu! Oh! Flor cândida e pura!
O meu amor surpreende-te no ramalhete.
Vejo que em ti, fina flor, a harmonia perdura.
Oh! Rosa frágil, tão esplendido aríete.
Tomai a cidadela, as ermidas do coração
De minha amada, leda e maviosa donzela.
Aquece-a com esta ternura, que é só dela
Inda que não lhe tenha sequer suspeição.
Se não tiver forças, Oh! Flor dadivosa
De torna-la submissa ao meu sentir
Não tema. Fica-me a ventura de partir
Para o limbo eterno do poeta que falha.
Feneço por amor. Levo comigo o preceito:
Perde-se a vida, ganha-se a batalha!
Oh! Flor do céu! Oh! Flor cândida e pura!
O meu amor surpreende-te no ramalhete.
Vejo que em ti, fina flor, a harmonia perdura.
Oh! Rosa frágil, tão esplendido aríete.
Tomai a cidadela, as ermidas do coração
De minha amada, leda e maviosa donzela.
Aquece-a com esta ternura, que é só dela
Inda que não lhe tenha sequer suspeição.
Se não tiver forças, Oh! Flor dadivosa
De torna-la submissa ao meu sentir
Não tema. Fica-me a ventura de partir
Para o limbo eterno do poeta que falha.
Feneço por amor. Levo comigo o preceito:
Perde-se a vida, ganha-se a batalha!
O poente se dedica ao poema
A Ines Motta
O poema claudicante, eu confesso
A não alcançar a vida em seu mister
É incapaz decalque e se faz verso
Não imagina o que não poderia ser.
É só um fraco, tenue arborescer
Se em meio ao vital verde da relva
Fagulha diante de tão vistosa alva
É astro-rei que se priva de nascer.
Iluminura frente ao brilho de cinema
Por fraco luzir o nasciturro se condena
Ao limbo eterno de um quase fenecer
Não fosse o bardo invadir de pronto a cena
Tal qual heroe da Batalha de Alcacer-Kibir
E dedicar o lusco do poente ao tal poema.
O poema claudicante, eu confesso
A não alcançar a vida em seu mister
É incapaz decalque e se faz verso
Não imagina o que não poderia ser.
É só um fraco, tenue arborescer
Se em meio ao vital verde da relva
Fagulha diante de tão vistosa alva
É astro-rei que se priva de nascer.
Iluminura frente ao brilho de cinema
Por fraco luzir o nasciturro se condena
Ao limbo eterno de um quase fenecer
Não fosse o bardo invadir de pronto a cena
Tal qual heroe da Batalha de Alcacer-Kibir
E dedicar o lusco do poente ao tal poema.
sábado, 7 de março de 2009
O Amor e os Contrapontos
os amores são
como contrapontos
os inversos, os signos
trocados
de ausente/presente
que só se resolvem
de ausente/presente
que só se resolvem
nos interditos
ou nas permissividades
na contenção
ou na explosão
no vôo, na queda, no tempo.
o tempo de um suspiro
ou nas permissividades
na contenção
ou na explosão
no vôo, na queda, no tempo.
o tempo de um suspiro
é o tempo da eternidade!
um só amor para contar-se
entre a plausibilidade
patética da cópula
um só amor para contar-se
entre a plausibilidade
patética da cópula
condição prosaica
e farsesca
e farsesca
e a existência insistente
da poesia atemporal.
o amor como uma língua atonal
própria aos amantes.
é preciso que se saiba
da poesia atemporal.
o amor como uma língua atonal
própria aos amantes.
é preciso que se saiba
que o amor não é
dimensão naturalista
não traz muita coisa de bom
nem algo que o valha
não traz muita coisa de bom
nem algo que o valha
o amor é sofrimento
o amor é magia
o amor é magia
é falta de fôlego
é exitação, fogo no rabo
é exitação, fogo no rabo
enfisema pulmonar
provocado pelos
provocado pelos
suspiros de saudade
e pela espera inquieta
e pela espera inquieta
incontida vaidade
de se crer amado
um pico na veia/estrada
que te faz correr moléculas
de uma alegre insânia.
um pico na veia/estrada
que te faz correr moléculas
de uma alegre insânia.
domingo, 1 de março de 2009
Roma oriental
Por ti, princesa, como Aníbal
irei eu seguindo sempre em frente.
Nas campanhas, cruzando em Roma a Via Ápia
com cavalos e elefantes adornados
ou a dar combate pelas estradas de pó
do longínquo oriente...
Por mais difícil a peleja, continuarei eu
seguindo em frente. Derrotarei os Hunos
os Assírios e os Sumérios
guerreiro, o meu coração não fenece
e ressurge propondo impérios.
El Cid campeando em busca da gloria ingente
serei eu, seguindo em frente.
E se ainda houverem conquistas
para um desafio de Hercules
parto como Maximiniano
a espada assinalando o norte rente.
Com espanto e cansado de guerra
bastante louco e já velho
para ainda crer em amor intenso...
Mesmo assim, o jade, o rubi
os panos finos e os ouros
deporei aos teus pés de princesa
aun que sea mui poco.
irei eu seguindo sempre em frente.
Nas campanhas, cruzando em Roma a Via Ápia
com cavalos e elefantes adornados
ou a dar combate pelas estradas de pó
do longínquo oriente...
Por mais difícil a peleja, continuarei eu
seguindo em frente. Derrotarei os Hunos
os Assírios e os Sumérios
guerreiro, o meu coração não fenece
e ressurge propondo impérios.
El Cid campeando em busca da gloria ingente
serei eu, seguindo em frente.
E se ainda houverem conquistas
para um desafio de Hercules
parto como Maximiniano
a espada assinalando o norte rente.
Com espanto e cansado de guerra
bastante louco e já velho
para ainda crer em amor intenso...
Mesmo assim, o jade, o rubi
os panos finos e os ouros
deporei aos teus pés de princesa
aun que sea mui poco.
As uvas (série erótica)
Inebrio (série erótica)
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