Ó dor cruel, tropel de musas sereas
Que desacorçoa desde o firmamento
E lanza-nos a nos perder polas areas
Na sorte deletéria, nun momento.
Ó dor cruel qu'inda nos lancina
Como o sol q'en Aurora enriba
E, astro soberbio, ponse casto en sombra
Cando a fermosa luz, a mar finda a tormento.
Ó dor cruel, pouco se fíe a promesa
So abismo pasmo, de paraíso aquí.
Nestes tempos de soidade e noite que disipa
Onde o máis seguro é o perder-se de si.
Ó dor cruel, quixo ser poeta e asumir
A lira inxente e as orballo sublimes
Desperdiçados nun amor sen peias
Que se nubrado, por escaso, suprímese nos.
Arthur de Bastavalles, GA 2010
sábado, 20 de novembro de 2010
terça-feira, 16 de novembro de 2010
QUE MAL QUE HAI?
I
ah, que gran bem de amor
que eu sinto e hai de facer-me
eterno entre mortais
ben de amor que sexa
como unha inmensa dor
e que deixa-se verter en
cantigas polos laranxas
que mal habería
que non se o sentise
no presentir
dun néboa enegrecida
ah, que ben habería máis
que o ben das flores
saudando Deus no alborexar
II
ah, doces acordes da morte
das vas cantante carpideiras
que levarán en vôo a mi’alma
cando o corpo canso se romper
ao peso enorme que o pasado
revive sobre pés claudicantes
se en revés hei solicitado a protección
da virxe santa, e se tanto me gusta
manter-me infiel á sorte
e se te saciei a fame tanta,
que entón ti matou-me a sede
co teu mel...
non te quero revisitar outrora
como en posteridade,
estiven a loitar
e, por letargo, tamén me perdín
en soño, por non soporta acordar
III
na praia das ilusións perdidas
ninguén che sabía
nin eu que che tiven che sabía
ninguén che coñecía
a punto de che prever
a bonomia dun consumado e bo destino
inda que te queira na miña vida
non me libro de sentir
a sensación dúbia dun cruel desatino
Arthur de Bastavalles
ah, que gran bem de amor
que eu sinto e hai de facer-me
eterno entre mortais
ben de amor que sexa
como unha inmensa dor
e que deixa-se verter en
cantigas polos laranxas
que mal habería
que non se o sentise
no presentir
dun néboa enegrecida
ah, que ben habería máis
que o ben das flores
saudando Deus no alborexar
II
ah, doces acordes da morte
das vas cantante carpideiras
que levarán en vôo a mi’alma
cando o corpo canso se romper
ao peso enorme que o pasado
revive sobre pés claudicantes
se en revés hei solicitado a protección
da virxe santa, e se tanto me gusta
manter-me infiel á sorte
e se te saciei a fame tanta,
que entón ti matou-me a sede
co teu mel...
non te quero revisitar outrora
como en posteridade,
estiven a loitar
e, por letargo, tamén me perdín
en soño, por non soporta acordar
III
na praia das ilusións perdidas
ninguén che sabía
nin eu que che tiven che sabía
ninguén che coñecía
a punto de che prever
a bonomia dun consumado e bo destino
inda que te queira na miña vida
non me libro de sentir
a sensación dúbia dun cruel desatino
Arthur de Bastavalles
domingo, 14 de novembro de 2010
SONETO PARA UM ORGASMO ACÓLITO
isto de querer-te em demasia
de olhar-te de viés, em vão soslaio
isto de ter-te no limite, em afasia
e as aleivosias as ter de permeio.
isto de querer a ponto de perder–te
para te ver restaurar no visgo
rijo de meu falo, o teu cio
de aridez coberto
isto de suprimir-te
ao penetrar-te
empalar-te, rachar-te ao meio
que assim possas amar-me a cheio
ao te fazer sentir
a súbita morte de estar viva
de no suspiro destro, te fazer
a saliva do orgasmo acólito
da primeira vez...
isto que te faz bela
e prenhe de altivez.
de olhar-te de viés, em vão soslaio
isto de ter-te no limite, em afasia
e as aleivosias as ter de permeio.
isto de querer a ponto de perder–te
para te ver restaurar no visgo
rijo de meu falo, o teu cio
de aridez coberto
isto de suprimir-te
ao penetrar-te
empalar-te, rachar-te ao meio
que assim possas amar-me a cheio
ao te fazer sentir
a súbita morte de estar viva
de no suspiro destro, te fazer
a saliva do orgasmo acólito
da primeira vez...
isto que te faz bela
e prenhe de altivez.
sábado, 13 de novembro de 2010
MAIS POESIA GALEGA
Santa Companha
Um estranho guerreiro
guiava a procissão...
Todos pareciam sabê-lo
Inda havia o ladrar de cãs
o soar de trompetes
e as luces deambulantes
das velas acesas, nos bosques
Desde então
que os meus incêndios
são nocturnos
e não sob o sol
nos vergeis
Tenho gaivotas...
o que não os tenho
são os céus...
Arthur de Bastabales e Concha Rousia
Um estranho guerreiro
guiava a procissão...
Todos pareciam sabê-lo
Inda havia o ladrar de cãs
o soar de trompetes
e as luces deambulantes
das velas acesas, nos bosques
Desde então
que os meus incêndios
são nocturnos
e não sob o sol
nos vergeis
Tenho gaivotas...
o que não os tenho
são os céus...
Arthur de Bastabales e Concha Rousia
CONHEÇAM UM GRANDE POETA BRASILEGO
PAISAGEM DEPOIS DA CHUVA
Árvores antigas
debruçadas no lago
espalham sombras ruídas.
Um peregrino sentado
contempla a brisa suave
afagar o campo molhado.
Por entre árvores, uma ave
esgrima com a brisa: amiga.
O peregrino, à sombra, nada sabe.
Ribeiro Halves
Árvores antigas
debruçadas no lago
espalham sombras ruídas.
Um peregrino sentado
contempla a brisa suave
afagar o campo molhado.
Por entre árvores, uma ave
esgrima com a brisa: amiga.
O peregrino, à sombra, nada sabe.
Ribeiro Halves
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
MALABARES
Tantas vezes o viste na chuva, assim lavado
que o seu espetáculo improvavel de sobrevida
já não mais te surpreendia.
Tantas vezes o pequeno malabarista negro das esquinas
(equilibrando limões em mãos ageis e pequeninas)
em quem o teu pousar inevitavel de olhos
obrigou-te a lembrar das humanas desditas
que impõe às crianças uma tal vida.
E foram tantas neste mesmo caminho diário
que da sua obscura presença e miséria
como a de um lampejo de frio a mais
como a de um fortuito escarro
como a de uma estereotipia de rosto crispado
nem sequer te das mais contas
e, ato contínuo
cerras sem dó a sentença vidro
da janela de teu carro.
que o seu espetáculo improvavel de sobrevida
já não mais te surpreendia.
Tantas vezes o pequeno malabarista negro das esquinas
(equilibrando limões em mãos ageis e pequeninas)
em quem o teu pousar inevitavel de olhos
obrigou-te a lembrar das humanas desditas
que impõe às crianças uma tal vida.
E foram tantas neste mesmo caminho diário
que da sua obscura presença e miséria
como a de um lampejo de frio a mais
como a de um fortuito escarro
como a de uma estereotipia de rosto crispado
nem sequer te das mais contas
e, ato contínuo
cerras sem dó a sentença vidro
da janela de teu carro.
SONETO DAS FLORES MIUDAS
Ab-sinto um mar de amargura me tomar
E vejo a amarílis em artifício à navegar.
Queda-me o coração aos auspícios d’alecrim
Como a fuscia do amor ardente fulge em mim.
Ah, se a primavera de anís vai se adornar
Ante o céu sem quase nuvem a branquear
E se jamais real promessa houver assim
Esteja pronta a inconstância do amor, por fim.
Zínia, sálvia e tomilho, o que dispor
Seja o manjericão ou a cicuta brava na pia
Restam os temperos para fazer valer o dia.
Seja na vida, seja no tempo ou no amor
Tragam-se flores para a maior dor ou elegia
Pois dália, glicínia ou cravina, só de ser são poesia.
E vejo a amarílis em artifício à navegar.
Queda-me o coração aos auspícios d’alecrim
Como a fuscia do amor ardente fulge em mim.
Ah, se a primavera de anís vai se adornar
Ante o céu sem quase nuvem a branquear
E se jamais real promessa houver assim
Esteja pronta a inconstância do amor, por fim.
Zínia, sálvia e tomilho, o que dispor
Seja o manjericão ou a cicuta brava na pia
Restam os temperos para fazer valer o dia.
Seja na vida, seja no tempo ou no amor
Tragam-se flores para a maior dor ou elegia
Pois dália, glicínia ou cravina, só de ser são poesia.
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
FALÊNCIA MUTIPLA
O mundo em putrefação.
A bruma da nascente conspurcada
já te envolve na contaminação.
O coração apaixonado
cercado pela falência múltipla
pela Serra dos Órgãos
pelo barulho dos motores de motos
que ensurdecem aos ouvidos.
A ética na política é um corpo insepulto
esquecido, ao olvido, que se empalha
ou se recolhe à museus.
Que Deus do céu nos guarde
e nos valha
que até a guianba no morro
hoje em dia é só palha.
E sem me livrar das impurezas
tem este meu rim que já falha.
A bruma da nascente conspurcada
já te envolve na contaminação.
O coração apaixonado
cercado pela falência múltipla
pela Serra dos Órgãos
pelo barulho dos motores de motos
que ensurdecem aos ouvidos.
A ética na política é um corpo insepulto
esquecido, ao olvido, que se empalha
ou se recolhe à museus.
Que Deus do céu nos guarde
e nos valha
que até a guianba no morro
hoje em dia é só palha.
E sem me livrar das impurezas
tem este meu rim que já falha.
sábado, 6 de novembro de 2010
PROFAN(AÇÃO) - um flanneur em Madureira
Equivaler-se no mercadão das almas
e sobreviver ao mormaço tardio
das intenções desistentes.
As ruas fervem de um fluxo inesgotável
de um ir e vir de esperanças, iniludível
as ruas fervem, inexcedíveis, incontornáveis.
Toda pedra sobre pedra começa a remoção do entulho.
No inferno é lixo por toda parte.
As grandes harpias da salvação
encimavam o telhado a casa desabada.
Agora abrem asas (sombras) sobre o subúrbio.
As imagens, artigos religiosos
luminárias baratas e enfeites chineses
rifles, batuques, cismas e crismas
alem das musas e a disposição natural ao paraíso.
Inda que intentes alcançar a clara promissão
de um veio de mel, de campos de aveia
estejas pronto a guerrear todas as guerras.
Todo corpo santo é sujeito à profanação.
Nada é mesmo tão humano
quanto o riso, quanto a arte
quanto a barbárie
reeditada por mil vezes.
Ricardo Reis 2010
e sobreviver ao mormaço tardio
das intenções desistentes.
As ruas fervem de um fluxo inesgotável
de um ir e vir de esperanças, iniludível
as ruas fervem, inexcedíveis, incontornáveis.
Toda pedra sobre pedra começa a remoção do entulho.
No inferno é lixo por toda parte.
As grandes harpias da salvação
encimavam o telhado a casa desabada.
Agora abrem asas (sombras) sobre o subúrbio.
As imagens, artigos religiosos
luminárias baratas e enfeites chineses
rifles, batuques, cismas e crismas
alem das musas e a disposição natural ao paraíso.
Inda que intentes alcançar a clara promissão
de um veio de mel, de campos de aveia
estejas pronto a guerrear todas as guerras.
Todo corpo santo é sujeito à profanação.
Nada é mesmo tão humano
quanto o riso, quanto a arte
quanto a barbárie
reeditada por mil vezes.
Ricardo Reis 2010
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
OLOR DE JASMIM
Ah, este mundo sem caminhos por ter
que sejam aos pés de pronto trilhar.
Vive-se em torbeliños, no afã de amar
de sonhar a luz no escuro, e por vezes, ser
a mesquinhez de negar o lume ao mundo
só para ver a chama do amor refulgesser.
Ah, musa errante; inquieta tu vais vivendo
que non se te apreende ao vôo de pleno verter.
És a dona casta do amar que eu tuve
que me é assim tirste, por inadvertido
este amor dolente de inescrutável porte.
Sofrida é esta mia dor que a ventura obriga
afeto profundo, quando, com calafrio na barriga
o jasmim de teu cabelo eu pude sentir, por sorte.
Arthur de Bastabales
Bento Gonçalves, RS, outubro de 2010
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